sábado, 18 de março de 2023

3º Congresso Técnico de Skate

 

Gestão, cultura, diversidade e Jogos Olímpicos: Federação Paulista de Skate realiza congresso técnico da modalidade.Depois de duas edições realizadas em 2016 e 2017, a Federação Paulista de Skate apresentou no último sábado (10) o III Congresso Técnico Paulista de Skate FPS. O evento, transmitido on-line por causa da pandemia, recebeu atletas, gestores e representantes de entidades para discutirem o desenvolvimento da modalidade e sua profissionalização no estado de São Paulo e em todo o Brasil.

Dividida em três temas centrais, a programação do evento abordou o Skate como Esporte, o Skate Business e a Cultura Skateboard, apresentados em sete diferentes painéis ao longo de todo o dia. Além disso, uma das novidades da FPS para o congresso deste ano foi a introdução de uma área para apresentação de trabalhos acadêmicos ligados ao esporte.

 

Gestão de projetos sociais

 

Apresentado pelo presidente da ONG Skate Solidário, Marcelo Carlos Soares de Azevedo, mais conhecido como Marcelo Índio, o primeiro tema do dia trouxe uma abordagem sobre como montar uma ONG e o passo a passo para elaborar um projeto social. Marcelo Índio ainda apresentou números que nortearam os 15 anos de existência da organização que comanda, como os mais de 72 mil alunos atendidos e outros 300 mil impactados indiretamente no período.

Ocupação urbana na perspectiva do skate

Já o segundo painel do dia teve a participação de dois convidados: o skatista profissional e fundador do coletivo audiovisual Flanantes, Murilo Romão, e o arquiteto responsável pelo projeto do Memorial do Skate no Vale do Anhangabaú, Rafael Murolo, apresentaram uma perspectiva sobre a apropriaç
ão de espaços públicos para a prática da modalidade, trazendo novos usos para ambientes abandonados ou malconservados.

Segundo eles, a ocupação urbana nada mais é do que legitimar a utilização de espaços degradados ou pouco utilizados, trazendo diversão e diminuindo a violência no local. “É uma ressignificação espacial, intelectual, social e emocional”, afirma Murolo, que acredita que skate mostra outras possibilidades de se reinventar a rua, dando outras utilidades a espaços e objetos.


Cenário do skate feminino.

No último bloco antes da parada para almoço, o assunto foi a inserção da mulher no esporte. Para dar voz a outras meninas, participaram do debate a ex-presidente da Associação Brasileira de Skate Feminino, Tatiane Marques, e a CEO da Into The Mirror, Emile Souza, que também é representante do grupo Britney´s Crew.

Na visão delas, se antes o skate era considerado um esporte masculino, aos poucos essa visão arcaica vem caindo e muitas meninas passaram a praticar a modalidade. Prova disso são os dados de pesquisas da Confederação Brasileira de Skate que mostram um crescimento na participação das mulheres de 10% em 2009 para 19% em 2015, totalizando 1,6 milhão de praticantes em todo o país. 

Apesar disso, elas acreditam que ainda há muito a ser melhorado no Brasil, principalmente no que diz respeito à estrutura esportiva. “Se você quer profissionalizar terá de sair do país, pois aqui não tem competições nesse nível e nem espaço para evoluir e ganhar a vida com o skate. Esse é ainda um obstáculo muito grande, pois quem não for para os EUA, acaba sumindo, avalia Tatiane.

Iniciação esportiva e skate de base.

Quando se fala em esporte de base, a inserção de uma modalidade na grade de Educação Física é fundamental. Exatamente por isso o convidado do quarto painel foi o professor de skate e docente na rede pública de ensino do estado de São Paulo, Jefferson Santos Ricardo, o Jefferson Du. Em sua fala ele explicou os processos utilizados para levar o esporte às suas aulas dentro da escola, baseando-se no Currículo Paulista. “O skate tem uma série de possibilidades educacionais, quebra preconceitos, tem um conceito social muito rico e é excelente ferramenta de inclusão”, afirma. Dito isso, o professor deu um enfoque aos valores físicos, cognitivos, sociais e psicológicos que podem ser aliados à educação, lecionando aulas que vão muito além da prática do skate em si.

Mercado do skate brasileiro.

Para avaliar o mercado nacional, que movimentou mais de R$ 940 milhões só em 2017, o gerente de marketing da Urgh Skateboard, Akira Kuge, afirmou que por se tratar de um segmento nicho poucas marcas se desafiem a entrar no ramo do skate, mas aqueles que

ingressam não saem mais. “É um mercado muito competitivo, que exige um trabalho muito sério pautado em planejamento, conhecimento de causa e muita energia.

Perspectivas sobre o skate olímpico.

Novidade no programa de modalidades dos Jogos Olímpicos na edição de Tóquio, o skate foi debatido como esporte e movimento social pelo diretor técnico da FPS, Bruno Hupfer, e o historiador Fábio Luiz Pimentel. De acordo com eles, o skate olímpico é apenas uma das frentes possíveis do skateboard, que pode trazer grande visibilidade para o esporte, mas que a modalidade não deve se limitar somente a isso, mas sim à sua essência histórica.

 

Gestão de equipes de skate.

Para finalizar o evento, o Team Manager de Skate, Surf e BMX da Vans Brasil, Rodrigo “K-b-ça”, palestrou sobre como é o trabalho de gerir um time de atletas. Dentre os vários desafios, saber se relacionar de forma individual com cada um deles e gerenciar pessoas com os mais diversos perfis são duas das grandes dificuldades no seu dia a dia. “Para mim, o mais difícil é controlar egos e entender cada skatista. Há maneiras individuais de brincar, falar, motivar e aconselhar”, diz.

O III Congresso Técnico Paulista de Skate FPS foi uma realização da Federação Paulista de Skate em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo e teve o apoio do canal Eu Sou Skatista, da revista Skate Vale Brasil e do Sindicato das Entidades de Administração do Desporto no Estado de São Paulo (SEADESP).

 

IMAGENS: ROGER TIL SKATER

Fonte: https://www.fpsk8.com.br/realizacao-do-congresso-tecnico-de-skate/

 

 

 

 

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